terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Infância


Descrição: Cidadão 20 e poucos anos, blusa, bermuda e papete no pé, ouvindo um MP4 e chupando uma casquinha mista. Há algo de errado nisso? Parece que sim, esse era eu agora a pouco na rua, indo pagar uma conta e todo mundo ficava me encarando, de fato, muito suspeito, mas nem liguei, estava entredito na música, ouvindo Michael Jackson, eu adoro Michael Jackson, ele é bom demais, fala sério? Ouvindo ele me lembrei de crianças, vai saber por que né? Descobri o Michael na minha infância e ele já havia estourado no mundo.

Eu, quando era criança era bobo demais, não que não seja hoje, ainda sou, mas tento disfarçar, mas naquela época não fazia cerimônias para esconder, era meio bocó mesmo, daquele tipo de criança que empina pipa no ventilador e joga bolinha de gude no tapete, também tinha medo de tudo, tudo mesmo. Meu pai sempre me perguntava se eu era um homem ou um saco de batatas e eu com lágrimas nos olhos, respondia que era o saco, meu lema ainda criança era, "Mais vale um covarde vivo do que um herói morto". Ainda é.

Eu tive uma infância feliz, estava sempre no mundo da lua, gostava de desenvolver brincadeiras que vinham direto da minha imaginação, eu e meu amigo imaginário, o Breno, que aqui em casa todo mundo diz que eu só deixei de conversar com ele na vida adulta; Isso é motivo de piada na família até hoje. Eu e o Breno gostávamos de fazer receitas especiais, chupar gelo raspado do congelador com açúcar, misturar Nescau com água, comer pão com pasta de dente, entre uma caquinha de nariz e outra. Enfim, era uma criança “saudavelmente” normal.

Alfie menino de 13 anos, inglês, que ganha as manchetes do mundo inteiro por tornar-se pai, com toda certeza acha que minha infância foi chata, enquanto eu estava no muro fingindo ser um equilibrista, com uma platéia enorme, ele preferiu ficar no muro vendo as outras meninas mais velhas passarem, enquanto eu pulava amarelinha, ele optou em pular com outras meninas, pulou, pulou, e agora é papai.

Eu na minha infância queria aqueles robôs, que erguiam o braço, diziam qualquer comando e acendiam uma luz em seu dedo como se lançasse um raio mortal. Alfie leva a vida mais a sério do que eu, ele quis um brinquedo de verdade e está com um bebê em seus braços, que não soltará raios é verdade, mas dará muito trabalho aos inimigos intergalácticos.

Se o Alfie repetir alguns anos poderá estudar com o filho, jogar bola com ele, paquerar outras meninas, e até disputar quem “pega” mais na "balada". Isso se ele não estiver casado é claro. Alfie é bem dotado, e não pense por outro lado, já pensou né? Não sou malicioso como Alfie, quero dizer superdotado, na inteligência, pelo menos é o que eu imagino ou espero. Desses que vivem a frente do nosso tempo, tomara que ele já arrume um emprego, que seja promovido, que obtenha ascensão rapidamente, e que até abra sua própria empresa. E que ele faça uma linda coisa para ele mesmo e para humanidade, algo diferente de seus pais. Eduque seu filho.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Promessas, descobertas e decepções



Puxa vida, como está quente em são Paulo. Será que tem haver com o aquecimento global? Se tiver tomara que o Barack Obama resolva, digo isso porque também estou empolgado, pois em todo lugar leio algo sobre o Obama e tudo o que ele fará por nós e pelo bem do mundo. Torço para que tudo de certo, confesso que não é fácil crescer e quebrar a cara com o mundo aos poucos, e ver o arco-íris se dissipar com a realidade da vida.

Esse final de ano nem escrevi carta ao Papai Noel, escrevi para o Obama e tenho meus motivos, juro por Deus, que até hoje o tal de Noel nunca atendeu um único pedido meu, e olha que deixei todo tipo de meia pendurada, mandei instalar uma chaminé e nada do bom velhinho aparecer. Agora com o Obama eu estou mais confiante, já que todo mundo também está. Na carta pedi coisas singelas, uns pequenos desejos, mas mesmo que ele não realize, me consolo ao saber que o mundo está dando uma nova importância para suas crenças.

Anota aí, nas próximas eleições aparecerão vários sósias do Obama, em uma versão tupiniquim, porém com o mesmo penteado, o mesmo terno, o mesmo discurso, a mesma boa intenção, para nós será um prato cheio, acredito que nós brasileiros não precisamos de muito para votar; Precisamos apenas de uma boa promessa, somos o maior país católico do mundo e também prometemos demais, para o Padre, para nossos esposos (as), amigos e filhos. Vai ver é por isso acreditamos ou gostamos tanto de promessas.

Eu falo por mim é claro, nessa última eleição estava procurando uma boa promessa de algum político aqui na minha cidade (São Paulo) e fiquei eufórico com a possibilidade do Maluf "o rei do viaduto", prometer o tão sonhado estádio do Corinthians, já que ele mesmo diz que "construir é com ele mesmo". Se ele prometesse já estava garantido meu voto, mas ele não fez, prometeu coisas que já tinha prometido antes, promessas antigas nunca funcionam.

Muitas vezes me decepcionei, desde pequeno me prometeram mundos e fundos, cresci e aprendi a desconfiar das coisas, muitas vezes as aparências enganam e as descobertas dão-se aos poucos, em pequenas doses. Hoje estou sempre atento a tudo que pareça suspeito, como o fato de um coelho botar ovo de chocolate na Páscoa, ou a Gretchen entre um filme pornô e outro, candidatar-se a uma prefeitura. Aceitar que tem que ir ao Urologista depois de certa idade, ou que cargo político não é hereditário ou uma monarquia, apesar de parecer. Mas o que me deixou mais decepcionado, foi descobrir que a Vovó Mafalda não era bem uma Vovó, me dói só de saber que um dia eu quis sentar no seu colo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Mundo e seus custos


Fico pensando, apenas fico, porque não farei nada mesmo, mas fico pensando de qualquer forma, deve ser por causa dessa crise mundial, só pode, ou porque estou sem grana, aí fico pensando em como os outros gastam dinheiro.

Veja o caso do carnaval, a Mangueira, tradicional escola de samba, em 2008 gastou R$ 3 milhões, e fez um desfile maravilhoso, mérito é claro de toda sua comunidade, carente, porém imensamente talentosa, o único problema é que a comunidade faz a festa para os outros, já que a grande maioria dos moradores do morro não tem dinheiro para assistir ao desfile, porque não pega toda essa grana e investe no morro?.

Imagina, ao invés de gastar essa dinheirama em carros alegóricos poderiam fazer barracos alegóricos, inclusive com efeitos especiais de iluminação durante a noite, aí sim seria nota 10. Assisti uma matéria falando que os árabes já se prontificaram a socorrer o povo da Faixa de Gaza, com aproximadamente US$ 1 bilhão, para reconstruir o que foi destruído.

Só posso dizer que o mundo me surpreende a cada volta que dá, pois logo em seguida vi que a Disney gastará três vezes mais para construir seu novo parque na China, um total de US$ 3 bilhões. Estou pensando em escrever uma carta para a turma da Disney, tentando convencê-los em abandonar a idéia de fazer o parque na China e ao invés disso, ajudar os árabes com esse dinheiro a reerguer a Faixa de Gaza, pelo menos lá o Pluto e o Pateta não correriam riscos de serem comidos. Depois disso o Pato Donald até daria uma coletiva sobre como ele se sente mais humano ajudando quem precisa.

Em forma de gratidão os endereços lá ganhariam novos nomes, como Rua Tio Patinhas, Avenida Sete Anões, Condado do Pinóquio, enfim todo mundo ficaria mais feliz. Mas o mundo é assim mesmo, tem a sua forma toda peculiar de gastar dinheiro, o que é valoroso para uns, não é tanto para outros, e isso é muito cultural, cada povo tem sua forma de conduzir as coisas, tanto que fica impossível de imaginar o Mickey sendo japonês e não americano, ou o Jaspion sendo brasileiro e o nosso carnaval sendo chinês, Imagina se ao invés dos muçulmanos os chineses que fossem os “homens bombas”, teria um homem bomba para cada três pessoas no mundo. Melhor não pensar nisso, deixa como tá.