sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Entrevistas


Acredita que eu dei aula de Marketing pessoal? Logo eu que não passei em nem 1% das entrevistas para emprego que já fiz, fico pensando às vezes se meus alunos tiveram mais sorte do que eu. Juro que ensinei certinho, mas a verdade é que sempre tive pavor de entrevista, sei lá, na hora sempre travo e até esqueço meu nome, quanto mais minhas qualificações. Também na entrevista te fazem cada pergunta, uma das que eu mais tenho bronca é, qual seu defeito? Óbvio que eu não tenho, pelo menos eu acho, mas quem disse que eles acreditam. O pior é que há vagas de emprego, mais difícil de conquistar do que a copa do mundo, assim que você chega é logo avisado que o tal do processo seletivo será cinco fases. Fico me perguntando, se numa dessas fases eu possa também conseguir o índice olímpico, mas aí já não sei, o que sei é que nessas nunca nem passei da primeira fase, e para falar a verdade nem sei o porquê, se fiz algo errado, ou só porque não tenho defeitos? Sem falar, que a maioria nem te avisa o motivo da eliminação, e quando te avisam é através de um email com a seguinte frase “você não faz parte do nosso perfil”. Já recebi vários desses, se a empresa deles tem defeitos realmente não quero fazer parte. Um dia mesmo, estava com tanta raiva que respondi de volta o e-mail, assim “Pensando bem, sua empresa também não faz parte do meu perfil, que bom que percebi a tempo”. Essa empresa era a Coog, conceituada fabricante de calçados de pneu. A moça do RH nunca me respondeu de volta, acho que agora nunca mais conseguirei algo lá. Em outra entrevista, fui eliminado num teste de fazer riscos no papel, acredita? Fiquei intrigado por saber que tem gente que risca melhor que eu, afinal, que critério foi usado? Em outra, numa dinâmica em grupo, ao se apresentar um rapaz relatou sua breve experiência profissional, eu ouvindo aquilo já tinha certeza que ele até poderia ser contrato para ser o presidente da empresa, quase me levantei e bati palmas para ele, e em seguida sairia da dinâmica, por motivos de concorrência desleal. Mas também já estive do outro lado, certa empresa que trabalhava, fui convocado a selecionar um rapaz para fazer panfletagem, então procurei pela vizinhança, até que encontrei um moleque franzino dos seus 14 anos e o chamei para panfletar. No dia seguinte ele estava no horário combinado, pronto para iniciar seu trabalho, quando o dono da empresa encostou, chamou, eu e o garoto para sua sala, ele queria entrevista-lo, não entendi, mas levei o garoto para sua sala. O dono então perguntou para o garoto se ele tinha experiências anteriores, pediu que ele encenasse como se colocava panfleto no portão. Eu olhava sem crer no pedido, e o garoto sem entender olhava para mim, querendo saber se o que o dono pedia era para valer, eu com a cabeça consentia que sim, então o garoto encenava, uma coisa linda de se ver, se ele não fosse aprovado para fazer panfletagem, ele poderia seguir carreira como ator. O auge dessa entrevista foi quando o dono perguntou para o garoto qual era o seu plano de carreira. Fiquei torcendo para ele não responder jogador de futebol. Assim que saímos da sala eu olhei para o garoto, que ainda estava com cara de susto e disse, “não vai jogar essa merda no bueiro, senão sua carreira vai para o lixo” e ele saiu rindo, mais tranqüilo.