terça-feira, 25 de janeiro de 2011

São Paulo de fulano, sicrano e beltrano.

Nesta crônica não serei irônico ou ardiloso, prometo, afinal, é uma crônica comemorativa de 457 anos da cidade de São Paulo. Cidade de fulano, sicrano e beltrano, São Paulo nossa, acolhedoramente nossa.

Para fazer uma singela homenagem, posto aqui a letra de uma música sobre São Paulo, até caio em clichê, eu sei, mas que seja clichê, o que importa é, que a música tocada em meus ouvidos e cantada por minha voz é "Sampa", do Caetano Veloso. Logo eu, que não possuo nenhuma afinidade por suas canções, mas mesmo assim essa música me marca.

Claro que não só a mim, deve marcar muitas outras pessoas, como marca época também, tanto que se fosse escrita hoje, talvez ao cruzar a Avenida Ipiranga com a São João, ele não sentiria algo preencher o seu coração e sim sumir de seu bolso, ou ao invés de "a dura poesia concreta de tuas esquinas", descreveria, “a dura pichação no concreto de tuas esquinas”.

São Paulo é assim, enorme, que muda de forma muito acelerada, sofre uma mutação desenfreada como relata sua música. Pergunto-me se hoje os novos baianos apenas passeariam na terra da garoa, ou mergulhariam em suas enchentes assustadoras.

Uma coisa é certa, não só os novos baianos, mas todos podem curtir São Paulo numa boa, que é uma cidade maravilhosa e muito acolhedora, aliás, como diria Juca Kfouri, fã confesso do Caetano, o único problema de São Paulo é não chamar-se Corinthians.

Como pode notar, não cumpri a promessa feita acima, desculpa, fica com raiva não, foi força de hábito.

Sampa
(Caetano Veloso)

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Luz para todos



Olá meu Brasil Brasileiro, o blog volta das nem tão merecidas férias, pois reclamaram, injustamente é verdade, já que até a Revista Exame tirou as dela, então porque meu blog não pode? Claro que o blog tá longe de ser a Exame e eu o J.R. Guzzo, mas férias são fundamentais para reciclar as idéias.

Já aviso que passei esse período conversando com um punhado de pessoas sobre os assuntos mais absurdos possíveis, tentando entender a natureza humana e não cheguei a conclusão nenhuma, é claro, só a que estou ficando mais velho, por isso, dentre as promessas que fiz para 2011 está aquela de parar de contar minhas primaveras. Agora só vou contar as suas e as dos outros.

Nesse último ano, o Brasil deu um show no espetáculo do crescimento, aproximadamente 7%, um número ótimo assim como o da Índia, da Rússia e até da preocupante China, que é o país que mais cresce entre os chamados "Bric's".

A China neste 2011 continuará a me preocupar e não porque tenha algo contra ela, mas analisa comigo, em recente matéria revelou-se que existem 5 ratos para cada habitante em São Paulo, em Nova York são 10 ratos para cada pessoa, assustador não? Se forem fazer essa pesquisa lá na China, tenho certeza que serão 10 chineses para cada rato, é Justo?

Ninguém pode negar, o Lula teve nove dedos no nosso crescimento, quem falar diferente é tucano raivoso cansado de perder a eleição para o homem barbudo. Mais que isso, Lula comemorou também a sua sucessão elegendo Dilma. Espero que ela esteja armada para fazer guerrilha contra outros números mais expressivos.

2,5 bilhões de domicílios vivem no escuro e em alguns casos, pasmem, não sabem nem como é o cabelo da Dilma, o que já é uma vantagem. Mas poxa vida, o BBB11 vai começar e o povo do escuro também tem que assistir essa merda. O Brasil é um só e todos temos que sofrer juntos.

Falando em merda, soma-se a isso, 13 milhões de brasileiros que nem sequer tem banheiro dentro de casa, se bem que resolver isso é fácil, já pensei na solução, é só privatizar. Não estou falando mal do governo Lula, nem devo, como disse, ele tem grande parcela de culpa no crescimento. Mas esqueceu de contabilizar o que deixou de fazer, e não me venha com a desculpa que ele não sabe contar, saber falar é diferente de saber contar.

Cena – Mãe e filho

- Mãe tem um monstro no meu guarda-roupa, acende a luz?

- Não tem luz! Volta a dormir pirralho!

- Tem um monstro no guarda-roupa, eu juro!

- Também não tem guarda-roupa moleque chorão!

- To com medo, vou fazer xixi.

- Não tem banheiro. Vai lá fora!

- Lá fora? Buáááá...

Todos temos o direito e o dever de ver a cagada que fazemos para continuar crescendo. Nosso país depende disso. Luz para todos em 2011 e tenho dito.