terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Tenente

Não é porque minha rua é um pouco inclinada ou com grandes obstáculos, mas num pequeno trecho, nunca venci um Mercedes-Benz. Minha missão diária era esperar o caminhão entrar em minha rua e dar início a uma corrida em plena na subida, eu na calçada e ele no asfalto numa disputa injusta é verdade, ele com todos seus cavalos e eu com minhas pequenas e finas pernas de mula.

Essas brincadeiras ficaram para trás, hoje já aceito meus 26 anos, todos morados aqui, na Rua Tenente Godofredo Cerqueira Leite, até hoje não sei bem quem foi esse homem, obviamente um militar, que deve ter honrado as cores da bandeira para ganhar uma rua com seu nome.

Ele de certo não, mas as vezes me pergunto se seus familiares souberam dessa homenagem, esses dias vi uma família fazendo poses para foto aqui, até pensei que pudesse ser parentes felizes por ter seu nome de família eternizado na placa de minha rua. Outras no máximo, tem o nome eternizado no SPC.

A rua até que é grande, tá de bom de tamanho a homenagem, talves um Coronel já chiasse, iria querer no mínimo mais uns 5 quarteirões, um Marechal então, não aceitaria menos que um bairro inteiro, mas o Tenente já deve estar pulando de alegria lá no céu ( Eu acho).

Uma ponta da rua dá para Avenida Sapopemba, a outra ponta dá para o início de uma favela, lá as ruas são bem diferentes da minha, estreitas e mal asfaltadas, então não tenho o que me queixar, tampouco o honrado Tenente.

Outro dia conversava com meu colega que morou no Japão e estava lá ganhando a vida na terra do sol nascente, da Toyota e do Pokémon, ele contou-me que lá muitos dos bairros são verdadeiros labirintos, que as ruas são desconexas e quando você caminha por uma rua achando que irá parar em algum lugar, você simplesmente acaba se perdendo.

A lenda conta, que lá no Japão, isso se deve aos antigos samurais, que construíam seus bairros assim propositalmente, pois quando os inimigos viessem atacar, acabariam se perdendo. Bem parecido com aqui no Brasil, afirmei para ele.

Em um futuro bastante otimista, nossos netos contarão que muitos dos bairros no Brasil, eram chamados de favelas, e tinham também o formado de labirinto, para proteger o comércio dos samurais do tráfico, assim os inimigos fardados se perdiam ao entrar nas favelas.

Também falamos das rivalidades entre nações, um fenômeno cultural, assim como Brasil e Argentina, lá a coisa também pega entre Japão e China, eu particularmente, dou graças a Deus por ser brasileiro e rivalizar com a Argentina, até porque se todos chineses pularem ao mesmo tempo, a terra sairá do eixo e com toda certeza o Japão sumirá do mapa coberto por água. Ainda bem que minha rua fica do outro lado do mundo.