sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eu sabia tudo, até que ...

Aí que bronca. Você também tem daqueles amigos sabidão? Que tem opinião formada sobre tudo, que sempre sabe uma coisinha a mais, por isso julga entender bem mais que você? São verdadeiros poços de cultura, não só brasileira como mundial, é um sujeito antenado nas novidades, está sempre inserido nos grandes acontecimentos mundiais. É aquele na sala de aula que responde a todas as perguntas do professor, e exibe aquele sorriso amarelo vitorioso para o resto da sala, é aquele colega no trabalho que sempre tem uma idéia a mais para melhorar a sua, ele adora complementar sua fala com “mas”, assim que você conclui seu raciocínio ele completa, “mas e se nós acrescentássemos isso...”. É, não é simples vencê-los, sempre farão parte das nossas vidas, o que serve de consolo, é que nos resta à alternativa de fazer piadas jocosas dessas criaturas quase divinas, eles nunca percebem, são muito sérios para isso. Claro, faço uma ressalva para aqueles que não fazem isso por mal, mas sem querer mesmo. Na faculdade tive o prazer de estudar com uma gaúcha da gema, que tomava chimarrão e tudo, entre um chimarrão e outro ela também bebericava umas pequenas doses de conteúdo alcoólico, o que garantia alegria para toda sala, com seus comentários sempre divertidos. Numa aula de língua portuguesa a professora colocara na lousa a seguinte frase: “Está chovendo muito” e perguntou qual advérbio, e a gaúcha respondeu com toda pompa, ciente do que estava falando, “Advérbio de tempo professora, pois está chovendo”, que saudade da gaúcha, sabia das coisas, sabia da vida, sabia ser feliz, não é como esses “sabe-tudo”, que no fundo, não sabem o quanto é bom fazer silêncio às vezes. Escrevi tudo isso como um desabafo, mas não contra um amigo que eu tenha, mas contra eu mesmo, tem horas que eu poderia ficar quieto e evitar com isso situações constrangedoras como vivenciei em pleno dia do meu aniversário. Um amigo veio conversar comigo e estava contando como foi trabalhar de mesário nessa eleição, de como enfrentou situações adversas, como o caso da mulher analfabeta que foi votar, e a forma como fez para ajudá-la a exercer seu direito de cidadã. A certo ponto, com ar professoral eu o interrompi, e o indaguei como pode alguém assim ir votar? Porque antes não foi procurar um cursinho de alfabetização, que existem aos montes hoje em dia, todos gratuitos e de ótima qualidade, enfim, a pessoa tem que ter força de vontade, tem que ir atrás de aprender a ler e a escrever, para assim poder exercer sua cidadania, com plena consciência. Quanto mais falava, mais me empolgava, parecia um Lula miniatura, fazendo seus discursos arrebatares no tempo de sindicado, falava com ênfase, com autoridade, com domínio, com grande conhecimento de causa, Até ser interrompido pelo meu amigo com uma cara revoltada dizendo-me “Olha Neto, minha mãe também é analfabeta, não é bem assim”. Depois dessa não me restou trocar de assunto, e perguntar se ele assistiu ao jogo do Corinthians. O mundo não é para os manés que acham que sabem tudo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olha Neto não é bem assim como vc tá dizendo, achamos que sabemos tudo, mas é sempre bom expor o conhecimento, né?
uahuahauhauahuahauhauh
Brincadeirinha...

Entendi perfeitamente a sua colocação, e te digo: Tens razão

Beijo

http://sientoquememirandecerca.blogspot.com/